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Insetos e a biodiversidade

1.1. Insetos e a biodiversidade

A biodiversidade ou também diversidade biológica não possui uma definição única, mas normalmente, é o termo que usamos para denominar a variedade de espécies animais e vegetais do planeta. Também pode ser relacionado a variedade de organismos e às condições físicas sob as quais eles vivem, o que inclui diversidade de ecossistemas, diversidade entre espécies e diversidade genética em espécies (Figura 1).

Figura 1. Cladograma das supostas relações da classe insecta, com base na combinação de dados morfológicos e de sequências de nucleotídeos. As linhas tracejadas indicam relações incertas ou hipóteses alternativas. Thysanura sensu lato (s.l.) refere-se a Thysanura em sentido amplo. Está representado um conceito ampliado para duas ordens - Blattodea (incluindo cupins) e Psocodea (antigos Psocoptera e Phthiraptera) - porém, as relações entre as ordens estão apresentadas de forma simplificada (Adaptado de Gullan e Cranston, 2012).

Manter a biodiversidade é muito importante para o equilíbrio dos ecossistemas, assegurando a continuidade da vida através das gerações, área esta que chamamos de conservação. Mas infelizmente, muitas espécies, e até biomas inteiros, estão sendo extintos, numa velocidade extraordinária. Essa biodiversidade, não está distribuída de maneira uniforme em nosso planeta. Normalmente, ela é menor nas regiões polares e maior nas tropicais.

E você sabia que os insetos são responsáveis por uma grande proporção de toda a biodiversidade do planeta? Atualmente, cerca de um milhão de espécies são descritas, mas cientistas especulam que possa existir algo em torno de 5 a 10 milhões de espécies (Tabela 1). É coisa pra caramba! E aí? Será que você consegue identificar uma espécie nova?

Tabela 1. Número de espécies descritas nos principais taxa que constituem a classe insecta. (Adaptado de Stork, 2018).


Das 29 ordens de insetos, cinco dominam em termos de número de espécies descritas, com pelo menos 670.000 espécies incluídas em Coleoptera, Lepidoptera, Diptera , Hymenoptera e Hemiptera (Figura 2).



Figura 2. Proporção relativa de espécies das ordens de insecta, com suas quantidades em parênteses (Adaptado de Stork, 2018).


No Brasil, existem muitos grupos de insetos que ainda não são bem conhecidos. Há uma falta de conhecimento taxonômico, que muitas vezes dificulta métodos de conservação. Uma das poucas exceções é a ordem Lepidoptera, talvez o grupo de insetos taxonomicamente melhor conhecido. Esse conhecimento deu condição à delimitação de áreas de endemismos. Esse é um dos poucos exemplos de áreas de endemismos definidas com base no conhecimento das espécies de borboletas na América do Sul, principalmente na Amazônia (Carvalho, 2012).

Por mais que os insetos sejam o pavor de muita gente, eles são importantíssimos ao nosso planeta. Alguns ajudam a adubar a terra, tornando-a fértil. Outros são fundamentais para dispersão de sementes. Há espécies que são responsáveis pela polinização. Existem umas perigosas, que podem destruir plantações e transmitir doenças.


Assista:

Why are there so many insects? - Murry Gans | Canal TED-Ed


1.2. Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos

(DISCUSSÃO DE ARTIGO)


Estudos envolvendo biodiversidade englobam uma gama de fatores tais como os serviços ecossistêmicos (benefícios da natureza para o homem). Assim, o que acontece é que, geralmente, relacionamos biodiversidade e serviços ecossistêmicos diretamente, mas alguns estudos têm mostrado resultado diferente nesse contexto.

Será que esforços para criar habitat heterogêneo beneficiam biodiversidade e serviços ecossistêmicos? Para responder essa questão, um estudo (veja referência abaixo) utilizando comunidades de abelhas polinizadoras foi realizado.

Basicamente, o estudo mostra que biodiversidade e serviço ecossistêmico não estão diretamente relacionados: melhorar a disponibilidade de recursos florais numa fazenda com manejo intensivo de cultivos aumenta a biodiversidade, mas não afeta a abundância de abelhas silvestres nos cultivos (ou seja, não afeta serviço ecossistêmico - polinização). No entanto, é interessante pensar que se aumentarmos os recursos florais numa área, espera-se que a visitação por abelhas também aumente. Mas, a questão é que isso pode depender de um contexto mais amplo da paisagem. Talvez, ao longo do tempo, a disponibilização de recursos florais aumente a abundância de abelhas nos cultivos, já que tais cultivos podem hospedar espécies especialistas ou fornecer recursos florais em um ponto específico no tempo.

Resumindo, o comanejo entre biodiversidade e serviço ecossistêmico é complexo, mas necessário. Estudos sobre biodiversidade devem ser feitos em larga escala, o que deve envolver áreas de cultivo e não-cultivo. Dessa forma, pode-se evitar limitações das conclusões sobre um estudo relacionado a biodiversidade.

Recomendações:

Biodiversidade 1 - Quantas são as espécies? | Canal do Pirula


O papel dos insetos na natureza e na vida do homem e a importância das coleções entomológicas | Canal da Embrapa


Referências:

Nicholson, C. C., Ward, K. L., Williams, N. M., Isaacs, R., Mason, K. S., Wilson, J. K., Brokaw, J., Gut, L. J., Rothwell, N. L., Wood, T. J., Rao, S., Hoffman, G. D., Gibbs, J., Thorp, R. W. and Ricketts, T. H. (2019). Mismatched outcomes for biodiversity and ecosystem services: testing the responses of crop pollinators and wild bee biodiversity to habitat enhancement. Ecology Letters 23: 326-335. doi:10.1111/ele.13435.

Gullan, P. J.; Cranston, P. S. (2012) Os insetos: um resumo de entomologia. 4 ed. São Paulo: Roca. 480 p. Ilustrado por: K. Hansen McInnes.

Carvalho, C. J. B. (2012). Biodiversidade e conservação. Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos, 796p, 133-138.

Stork, N. E. (2018). How many species of insects and other terrestrial arthropods are there on Earth?. Annual review of entomology, 63, 31-45.



Por Douglas Ferreira, Elenir Queiroz e Jéssica Martins

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